Além da primeira unidade de matéria-prima de etanol de cana, inaugurada hoje, outros projetos reforçam perfil ecológico
A inauguração da unidade de eteno verde hoje, em Triunfo, marca a produção industrial de plástico verde e a mudança de perfil do polo gaúcho. É o primeiro passo do complexo petroquímico dos anos 80 no rumo da alcoolquímica, que dará ao Estado um novo projeto de resina renovável, além do lançado hoje.
Ontem, depois de apresentar à imprensa a unidade que será inagurada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o responsável pelo empreendimento de polímeros verdes da Braskem, Sérgio Luiz Gomes, disse já estar decidida uma unidade de propeno renovável no Estado. Será menor do que a de eteno, que vai produzir 200 mil toneladas ao ano. Além dessa, não há ainda definição sobre investimento, capacidade e prazo.
– Vamos fazer plantas integradas – afirmou Gomes, explicando que parte da estrutura inaugurada hoje poderá ser compartilhada com a próxima.
Eteno e propeno são duas diferentes matérias-primas da indústria de plásticos. O eteno dá origem ao polietileno, usado em sacolas plásticas, frascos e brinquedos. O propeno é a base do polipropileno, resina de preço mais elevado empregada em revestimento de eletrodomésticos e autopeças.
Também reforça o perfil mais renovável do polo gaúcho uma unidade de secagem de álcool de R$ 25 milhões. Assim, a Braskem poderá deixar de comprar álcool anidro – usado na mistura da gasolina, mais caro – pelo hidratado – que abastece carros flex, mais barato – como matéria-prima do ETBE, um aditivo para automóveis. Somados, os investimentos que tornam o polo gaúcho mais verde atingem R$ 625 milhões (veja quadro ao lado).
Para abastecer as unidades que consomem etanol, a Braskem vai precisar de 600 milhões de litros do combustível por ano, o que duplicará o consumo no Estado. Como ainda não há produção local suficiente, a companhia está comprando em São Paulo, Paraná e Minas Gerais, informou o vice-presidente de petroquímicos básicos, Manoel Carnaúba. Com o governo do Estado e as federações da indústria (Fiergs) e da agricultura (Farsul), a Braskem atua no desenvolvimento da produção no Rio Grande do Sul.
– Sempre será um fator de decisão ter a matéria-prima ao lado. Se o Estado tiver oferta, fortalece sua posição para futuros investimentos, que terão como item de avaliação o fornecimento de álcool – afirmou Carnaúba
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