segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Consumidor está mais preocupado com questões socioambientais, apontam pesquisas

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Foto: Daniel Lobo

Você lê o rótulo dos produtos antes de colocá-lo no carrinho? Leva em consideração as políticas socioambientais da empresa? Está disposto a pagar mais caro por um produto sustentável? Essas são algumas das perguntas que tem norteado as mentes de especialistas e empresários nos últimos anos e devem continuar fortes nas próximas décadas.

E não é à toa. Estudos comprovam que o consumidor está cada dia mais preocupado com questões de responsabilidade social e ambiental, e com isso, sendo mais rigoroso na hora de suas escolhas.

Uma pesquisa feita pelo Departamento do Agronegócio (Deagro) da Fiesp, em parceria com o Ibope, traçou o perfil do consumidor brasileiro no ramo de alimentos e bebidas e mostrou que 21% dos compradores acham que saúde, bem-estar, sustentabilidade e ética são pontos fundamentais na hora de escolher os produtos alimentícios.

Os consumidores enquadrados nesse grupo buscam alimentos que podem trazer algum benefício à saúde, que tragam selos de qualidade e outras informações sobre a origem dos alimentos. A procura pela qualidade de vida revela-se, nesse segmento, como um ideal mais amplo, que inclui a sociedade e o meio ambiente.

Outra pesquisa, realizada pela área de Inteligência de Mercado da Gouvêa de Souza (GS&MD), mostrou que 71% dos brasileiros e 51% dos consumidores mundiais se preocupam com a origem dos produtos consumidos, enquanto 57% dos brasileiros e 51% dos consumidores globais se preocupam com aditivos químicos nos alimentos que levam para casa.

A pesquisa foi apresentada durante o 13º Fórum de Varejo da América Latina, realizado entre os dias 19 e 20 de outubro, em São Paulo. Ele recolheu informações de nove mil entrevistados em 17 países, incluindo o Brasil, e mostrou que o perfil do "metaconsumidor" deverá crescer de forma vertiginosa nos próximos anos, gerando mudanças nas estruturas de negócios, produtos, canais e marcas e revolucionando toda a cadeia produtiva e de consumo mundial.

“O mesmo bem-estar que o brasileiro exige que seus produtos proporcionem a si próprio, quer ver na responsabilidade que possuem com a sociedade e com causas ambientais”, atestou Antonio Carlos Costa, gerente do Deagro e um dos coordenadores do projeto Brasil Food Trends 2020.

Consumidores mais exigentes

A pesquisa da Deagro, apresentada em maio de 2010, revelou também que 63% desses consumidores conhecem o significado do termo "selo de qualidade", 50% sabem o que são alimentos orgânicos, 21% sabem o que significam as emissões de carbono e 27% tem conhecimento do que são produtos sustentáveis. Dentro deste último grupo, 80% afirmaram estar dispostos a comprar produtos que seguem a prática responsável - mesmo que sejam mais caros.

A informação é reforçada pela pesquisa da GS&MD, que afirma que 8% de todos os brasileiros aceitariam desembolsar um valor superior por produtos que garantissem a consciência tranquila. Países como Turquia, China e Chile apresentam um percentual de mais de 10% da população disposta a investir em produtos verdes.

O investimento da empresa em projetos socioambientais também tem se tornado fator fundamental para escolha do consumidor. Segundo a Deagro, 28% dos entrevistados consideram esse tipo de atitude um fator que agrega respeito aos produtos de uma empresa.

A mesma pesquisa mostra que os compradores deixam de comprar o produto de empresas envolvidas com irregularidades, mesmo sendo de uma marca conhecida ou de confiança. Segundo dados da GS&MD, 41% dos brasileiros e 36% dos consumidores globais evitam produtos de empresas que não agem de maneira socialmente responsável.

As consequências da exigência desse novo consumidor já podem ser vistas dentro das companhias, que estão se movimentando para atender aos desejos dos seus clientes. Um estudo feito em setembro de 2010 pelo Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos), aponta que 70% dos executivos ouvidos disseram que os consumidores já exigem ações ambientalmente responsáveis. Outros 54% dos entrevistados disseram acreditar que a pressão por parte do governo está aumentando.

Para Costa, este comportamento sustenta a mesma tese de que saúde e ética são valores cada vez mais indispensáveis aos produtos brasileiros, na visão da sociedade. “O consumidor está preocupado, sim, com o bem-estar de sua família, mas também se importa com o ambiente onde está inserido. Com segurança podemos dizer que marcas ligadas à melhoria social se destacam entre a população”, garantiu.

Preço é cada vez menos importante

Outro dado da pesquisa da Deagro apontou que o quesito valor foi o menos significativo na hora da opção por produtos e, pelo que a pesquisa indica, tende a perder ainda mais importância. Se hoje é decisivo para 28% das pessoas, no futuro será para 23% delas.

“Ficamos surpresos com o resultado, achávamos que no Brasil o consumidor tinha outras prioridades. Mas o bom momento econômico e a inclusão de milhares de famílias no nível de consumo mudaram este quadro”, destacou o gerente do Deagro.

A pesquisa ainda revelou que:

• 34% do total de entrevistados priorizam a conveniência e a praticidade dos alimentos, em resposta às necessidades do cotidiano apressado e ao pouco tempo que dispõem;

• 23% da população é composta por consumidores fiéis às suas escolhas por marcas, produtos ou empresas devido à confiança e qualidade dos alimentos;

• 23% dos entrevistados acham importante que a comida seja “gostosa e atraente” – ou seja, os que priorizam a sensorialidade e o prazer nos alimentos;

A pesquisa comparou o perfil dos consumidores brasileiros com as características encontradas em tendências mundiais do setor. O Brasil Food Trends 2020 avaliou os hábitos de compra de mais de 1.500 brasileiros de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Fortaleza e Salvador.

A princípio foram identificados os cinco principais grupos de tendência em países com os quais o Brasil mantém importante intercâmbio comercial e cultural: Sensorialidade e Prazer, Saudabilidade e Bem-estar, Conveniência e Praticidade, Confiabilidade e Qualidade, e Sustentabilidade e Ética.

Depois, os pesquisadores compararam os resultados dos brasileiros em relação a esses grupos e comprovaram a aderência dos brasileiros às tendências de consumo de alimentos encontradas em outros países, mas com uma pequena diferença.

Em vez de cinco grupos de tendências, no país foram identificadas apenas três similares às globais (Conveniência e Praticidade, Confiabilidade e Qualidade e Sensorialidade e Prazer), e uma fusão entre duas outras: Saudabilidade e Bem-estar e Sustentabilidade e Ética.


- Confira o documento na íntegra -


Fonte:http://www.ecodesenvolvimento.org.br/noticias/consumidor-esta-mais-preocupado-com-questoes

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